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A Qualidade que não é de Vida
Capítulo 2:

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  Gabriel e Maria finalmente foram instalados na nova casa.   Embora muito antiga, lhes parecia nova.   As caixas ainda estavam espalhadas pelo chão, mas, com cada objeto que desempacotavam, sentiam o espaço aos poucos se transformar em lar.  As janelas amplas permitiam que o sol da tarde iluminasse a sala, trazendo calor e vida ao ambiente, e o cheiro de tinta fresca dava uma sensação de recomeço.  No coração de Santa Rosa, aquele canto recém-descoberto pela Rummo Imóveis parecia o refúgio perfeito para o casal.

   No entanto, ainda na primeira noite, ao abrir o guarda-roupa para organizar as roupas do bebe, Maria encontrou uma pequena caixa esquecida num dos compartimentos superiores.  Ao abrir a tampa, viu que a caixa guardava cartas antigas e algumas fotografias em preto e branco.  As imagens retratavam um casal jovem, que posava sorridente em frente ao moderno edifício da nova prefeitura, recém construída ao lado da praça na parte alta da cidade.  Maria ficou curiosa e começou a ler as cartas, com Gabriel ao seu lado, acompanhando atentamente cada linha.

   Aquelas cartas foram assinadas por Helena e endereçadas a um amigo distante.  Ao lado de Pedro, seu marido, ela descrevia sua vida em Santa Rosa nos anos 40, e seu desenvolvimento com a chegada da estrada de ferro ao local.  A construção das concessionárias da “Chevrolet” e da “Willys-Overland do Brasil”. A medida que as linhas se desenrolavam, descreviam um retrato dos desafios da vida de casal: Pedro parecia sentir o peso das expectativas sobre seus ombros, passando longas horas no trabalho e voltando para casa exausto.  Nas entrelinhas, Helena revelou que, apesar dos esforços de ambos, seu marido não se sentia realizado na cidade, embora a cidade estivesse passando por grande desenvolvimento, ele sonhava com um futuro diferente.

   Gabriel e Maria se entreolharam, reflexivos.  Eles também vinham de uma rotina intensa e estavam imersos na mesma Santa Rosa, uma cidade que tinham acabado de aprender a chamar de sua.             Maria sentiu um arrepio ao pensar que, assim como Helena e Pedro, eles também haviam se mudado para Santa Rosa devido o seu grande desenvolvimento, e na mesma busca de um lugar para que fosse lhes pertencer.

   Na manhã seguinte, movidos por uma confusão de curiosidade e inquietação, decidiram visitar a Rummo Imóveis novamente.  Foram recebidos por Dona Carmem, uma corretora experiente que havia ajudado na sua negociação dos imóveis.  Dona Carmem era conhecida por sua simpatia e por seu conhecimento sobre a história dos imóveis da cidade.  Ao saber das cartas, seus olhos brilharam de interesse.

  — É incrível que você tenha encontrado essas lembranças! Pedro e Helena… Esses nomes me são familiares, comentando, e olhando para eles com uma mistura de nostalgia e curiosidade.

   Carmem explicou que, ao longo dos anos, muitos casais recém-chegados a Santa Rosa se deram graças ao desenvolvimento da época, que ajudaram a transformar a cidade em um verdadeiro lar para famílias de todas as partes do Brasil.  Ela contou que, embora não se lembre de detalhes específicos sobre o casal, sabia que algumas casas ali tinham histórias de amor e desafios que foram passados ​​de geração em geração, como se cada imóvel guardasse parte das vidas que o habitavam.

   Ao saírem da imobiliária, Gabriel e Maria sentiram-se ainda mais conectados ao novo lar.  No entanto, Gabriel parecia perturbado.           Naquela noite, enquanto conversavam sobre as cartas no silêncio da sala, ele revelou a Maria que se identificava com Pedro.  Sentia-se exausto pelo trabalho e temia que, com o bebê a caminho, talvez também estivesse perdendo o controle sobre suas próprias ambições e sonhos.

   Maria, ao ouvir as palavras do marido, pegou uma das cartas de Helena e leu em voz alta:  “Cada janela é uma porta para uma nova chance, mesmo que demoremos a enxergar, Santa Rosa tem muito mais a oferecer do que se vê à primeira vista.”  As palavras pareciam tanto um consolo quanto um aviso, e ambos sentiram um arrepio.

   O mistério em torno das cartas e a coincidência de encontrar uma história tão próxima à sua, amplia o desejo de descobrir mais sobre Pedro e Helena.  Eles decidiram que, a cada semana, leriam uma nova carta e, quem sabe, desvendar o que realmente aconteceu com aquele casal do passado.  Afinal, talvez a resposta para os próprios dilemas estivesse ali, no mesmo lugar onde agora tentavam construir sua nova vida.

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   Santa Rosa, 20/10/2024.​

Agradecimentos/Créditos a Rummo Imóveis Ltda.

Ecos do Passado

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